segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O mito chamado gastrite nervosa

O mito chamado gastrite nervosa
Sintomas da dispepsia funcional e do refluxo, como as dores de estômago e a azia, popularizaram erroneamente a disfunção
Azia, sensação de queimação no peito e dores no estômago. Quem sentiu algum desses sintomas certamente já ouviu que está sofrendo da famosa gastrite nervosa. No entanto, especialistas afirmam que o diagnóstico menos possível para esses sintomas seja a própria gastrite.

Isso ocorre porque a doença não existe na medicina. O nome se tornou popular para outros dois problemas: a dispepsia funcional e a doença do refluxo. A dispepsia é um distúrbio no aparelho digestivo, dificultando a digestão dos alimentos. O refluxo é o retorno do ácido gástrico do estômago para o esôfago - ocorre devido a um defeito na válvula que controla a passagem de alimento de um órgão para o outro. Como essa válvula não fecha direito, o líquido passa para o esôfago, machucando as paredes do órgão, causando azia e queimação.

A gastrite é uma inflamação na parede do estômago e pode ser do tipo aguda ou crônica. Da forma aguda, a doença aparece repentinamente, causando náuseas e vômitos, e permanece por dois ou três dias. Pode ser desencadeada por álcool, antiinflamatórios, remédios à base de ácido acetilsalicílico ou estresse.

Causada pela bactéria Helicobacter pylori, a gastrite crônica é de longo prazo, mas não apresenta sintomas. Segundo o gastroenterologista da Santa Casa de Porto Alegre Idilio Zamin Júnior, a transmissão é feita geralmente pela água e por alimentos contaminados pelo bacilo. Ele diz que a única forma de se identificar esse tipo de gastrite é por meio da endoscopia e biópsia.

- Quando o paciente está com dor e não se encontra nada na endoscopia, costuma-se chamar popularmente de gastrite nervosa. Existem fatores desencadeantes para os sintomas da dispepsia funcional e do refluxo. Um deles é o estresse, e por isso surgiu o apelido - diz Luiz Edmundo Mazzoleni, professor de gastroenterologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Tanto para a gastrite aguda quanto para a crônica o tratamento é feito por meio de medicamentos. Contudo, Mazzoleni explica que o tipo de remédio depende do tipo da gastrite e do motivo que a originou. Quando se trata da Helicobacter pylori recomenda-se o uso de antibióticos.

- Uma das principais formas de tratamento para essa doença continua sendo a alimentação saudável e sem excessos. Mas é importante ressaltar que esses sintomas não são causados por inflamação grave, úlcera ou câncer e sim pelo mau funcionamento do estômago.
Para amenizar os sintomas
Alguns alimentos e hábitos podem ser alterados ou evitados. Confira:
- Comida gordurosa (fast food)
Alimentos gordurosos como hambúrguer, cheeseburguer e batatas fritas são de difícil digestão
- Antiinflamatório e ácido acetilsalicílico
Diminuem as defesas do estômago contra a acidez
- Álcool
A substância presente nas bebidas é uma agressora direta do estômago
- Cigarro
Agrava ainda mais as funções do estômago que já estão alteradas
- Chimarrão, café e chocolate
Aumentam a possibilidade de refluxo (azia e queimação na região do peito)

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